o papel do negro na ação cinematográfica
Integrada à Semana da Consciência Negra, o MIS sedia a mostra O Negro como Autor e Personagem da Ação Cinematográfica, trazendo curtas e longas-metragens que abordam a ação e a representação do negro dentro da historiografia do cinema brasileiro. Com dois programas diários e gratuitos, a programação inclui conversas com cineastas e educadores
Com a curadoria de Marco Meirelles e Max Fagotti, e integrando as ações da Semana da Consciência Negra, o MIS realiza a mostra O Negro como Autor e Personagem da Ação Cinematográfica de 19 a 22 de novembro (quinta a domingo). A programação, que se estende por quatro dias, traz duas sessões diárias exibindo filmes ficcionais e documentais realizados nas últimas cinco décadas. De quinta a sábado, artistas, cineastas e educadores participam de conversas com o público, promovendo a reflexão sobre a atividade audiovisual realizada por negros de diferentes gerações em diversos contextos de produção.
Composta por oito programas, a mostra faz um recorte da historiografia cinematográfica brasileira desde a década de 1960, com aproximação do olhar tanto para obras de cineastas negros quanto para aquelas que apresentam o negro como personagem. Essa alternância de pontos de vista e a abrangência temporal da mostra permitem uma reflexão mais aprofundada de como o negro foi representado e se representou no decorrer das últimas cinco décadas.
Integram a programação filmes de grandes nomes da história do cinema nacional, tais como Paulo César Saraceni, com Integração Racial, documentário de 1964; Natal da Portela, longa-metragem de 1988; e Roberto de Farias, contando a clássica história do Assalto ao Trem Pagador, longa-metragem de 1962. Da nova geração de diretores, serão exibidos, entre outros, Preto e Branco (2004), longa documental do videoartista Carlos Nader e O Dia em que Dorival encarou a Guarda (1986) curta-metragem de Jorge Furtado. Destacam-se, também, dois filmes de Rogério de Moura Velhos, viúvos e malvados (2004) e A Revolta do Videotape (2001) -, que vem para participar do debate aberto ao público no dia 21/11, na sessão das 19h.
Sobre os curadores
Marco Meirelles é cientista social (FFLCH-USP), pesquisador de cinema e realizador audiovisual. Codiretor dos filmes Circo Real Show (2002/2006, Golpe de Vista Filmes) e Pirajuçara - Bacia do Concreto (2007/2008, Corte Seco/TV USP), ministrou cursos de educomunicação e criou filmes para a ONG Instituto Terra de Preservação Ambiental - RJ (2006/2007), coordenou o núcleo de produção audiovisual do projeto Cinema e Vídeo Brasileiro nas Escolas (2002/2005, ONG Ação Educativa - SP) e realizou trabalho de supervisão e apoio técnico ao Programa Cultura é Currículo, nos projetos: O Cinema vai à Escola, Escola em Cena e Lugares de Aprender: a Escola sai da Escola, pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (2009, FDE/SP).
Max Fagotti é psicólogo (UNESP-Assis), pesquisador de cinema e realizador de vídeos e integrante do Coletivo CoMfuZão. Ministrou cursos de formação de cultura cinematográfica para professores da rede pública do oeste paulista (2005-2007), coordenou oficinas terapêuticas de audiovisual para usuários do CAPS "Rui de Souza Dias", Assis-SP (2006-2007), criou vídeos para as ONGs: CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária e CIEDS - Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (2009). Realizou trabalho de supervisão e apoio técnico ao Programa Cultura é Currículo, nos projetos: O Cinema vai à Escola, Escola em Cena e Lugares de Aprender: a Escola sai da Escola, pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (2009, FDE/SP).
serviço
Mostra de cinema O negro como ator e personagem da ação cinematográfica|de 19 a 21 de novembro, às 16h e às 19h; 22 de novembro, às 17h e às 20h
Auditório MIS (177 lugares). Ingresso gratuito (retirar a partir de 1h antes da exibição).
Classificação etária: 14 anos. Estacionamento cobrado: R$ 7. Acesso e elevador para cadeirantes. Ar condicionado.
Museu da Imagem e do Som (MIS)
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo | (11) 2117 4777 | www.mis-sp.org.br
Informações para a imprensa
Caroline Carrion: caroline@mis-sp.org.br (11) 2117 4777, r 312.
Programação da mostra O Negro como Autor e Personagem da Ação Cinematográfica
1º dia [ quinta-feira, 19 de novembro ]
16h |Programa 1
Hip Hop África Brasil, Apenas um Oceano entre Nós (2007), 38 min, dir: Daniel Fagundes, Diego FF Soares e Montanha (NCA na Rede)
Sinopse: O registro do intercâmbio Cultural feito pelo grupo Faso Kombat de Burkina Faso com o grupo Z`Africa Brasil entre outras personalidades do Rap Brasileiro, revela que um oceano não separa a força da cultura Africana.
Respeito é para quem tem (2003), 3 min, dir: Tatiana Lohman
Sinopse: A idéia deste clipe era gravar com Sabotagem na favela do Canão, onde nasceu, e também nos cemitérios onde estão enterrados seus amigos de infância e adolescência. Logo após o início das filmagens, ele foi assassinado. Este videoclipe presta uma homenagem ao rapper paulista.
Sabotage (2003), 29', video dvd, dir: Tiago Barbini, Ivan Vale Ferreira e Pedro Caldas
Sinopse: Falando de dentro da favela do Canão, o rapper Sabotage discute a infância, o ócio, a rua, a desigualdade, o descaso, a solidariedade, o passado e o futuro, como uma antena que capta e emite realidade em todas as direções.
Geraldo Filme (1998), 52 min., direção: Carlos Cortez
Sinopse: Um mergulho no universo do samba e da cultura negra paulista a partir da obra do compositor Geraldo Filme
19h |Programa 2
convidados: Coletivo Frente Três de Fevereiro, Coletivo NCA na Rede e Willen Dias
Imagens de uma vida simples (2006), 30 min, 2006, dir: Daniel Fagundes
Sinopse: Um registro da vida e obra de Solano Trindade (poeta negro, poeta do povo), através de relatos de seus amigos e parentes. Como pano de fundo a cidade de Embu das artes, cenário de ebulições artísticas e movimentações culturais que mostram ainda hoje a marca de Solano Trindade.
Zumbi somos nós(2006), 52 min, dir: Frente Três de Fevereiro
Sinopse: Manifesto poético sobre o racismo, por meio da ação direta da Frente 3 de Fevereiro, que culmina na intervenção artística durante a Copa da Alemanha.
Além de café petróleo e diamantes (2007), 15 min, dir: Marcelo Trota
Sinopse: Através dos depoimentos de dois artistas angolanos, a recente imigração deste povo e seus motivos são colocados em foco. Ironicamente, povos africanos que outrora foram trazidos a força para a América, agora migram para o Brasil por livre escolha e sentem o impacto do reencontro com a sua africanidade enraizada em nossa cultura.
Enquadro Episódio 1: Domingas (2008), 6min, dir: Coletivo Casadalapa
Sinopse: Personagens anônimos que contam através de sua existência a alma dos bairros desta cidade são o mote para esta HQ Urbana, as redes não virtuais entre personagens reais. Um processo coletivo, que reúne cerca de 30 artistas, entre eles grafiteiros, artistas plásticos, webdesigner, fotógrafos, videomakers, roteiristas, montadores de cinema, produtores musicais, djs, produtores, figurinistas e atores. Todos reunidos para contar, desenhar, esculpir, fotografar, gravar, editar, costurar, interpretar, uma única história.
2º dia [ sexta-feira, 20 de novembro ]
16h |Programa 3
A Psicose de Valter (2007), 35mm, 15 min, dir: Eduardo Kishimoto
Sinopse: Valter José Maria Filho dirige vídeos pornôs e faz pós-doutorado em filosofia pela USP. Este filme o insere em situações forjadas, e o deixa transitar livremente por elas, sem dirigi-lo.
Carolina (2003), 15 min, dir: Jeferson De
Sinopse: Brasil, final dos anos 50. Carolina Maria de Jesus escreve seu diário. Dentro de seu barraco, ela denuncia a fome, o preconceito e a miséria. O diário é publicado ("Quarto de Despejo"), e transforma- se em sucesso editorial, sendo editado em 13 línguas. Apesar do reconhecimento, morreu esquecida e pobre. Imagens documentais da escritora são montadas com cenas ficcionais interpretadas por Zezé Mota.
Filhas do Vento (2005), 85' min, dir: Joelzito Araújo
Sinopse: Cida (Ruth de Souza) e a irmã Jú (Léa Garcia) estão separadas por quase 45 anos. O tempo não conseguiu dissipar o rancor provocado pelo incidente amoroso e familiar que marcou a juventude e a vida das duas. Com a morte do pai, Zé das Bicicletas (Milton Gonçalves), que havia expulsado Cida de casa, as duas voltam a se encontrar. Cida tornou-se uma mulher solitária. Fez carreira de atriz atuando em cinema e em telenovela, mas, apesar do talento, não teve o reconhecimento merecido. Maria D'Ajuda nunca saiu do interior, cuidou do pai até a morte, casou-se e teve diversos filhos com companheiros diferentes.sem nunca ter conseguido desenvolver nenhuma identidade profissional. Sua família é aquela típica brasileira do interior, cheia de filhos, sobrinhos, netos e agregados. No entanto, uma de suas filhas, Dorinha (Danielle Ornellas), a que mais admira pela persistência profissional e talento artístico, é a única que despreza o amor da mãe.
19h |Programa 4
convidado: Noel dos Santos Carvalho
Integração Racial (1964), 40min, dir: Paulo César Saraceni
Sinopse: Uma visão abrangente da situação dos diferentes grupos étnicos existentes no Brasil. Nos depoimentos recolhidos nas ruas e bairros de diversas capitais, negros, brancos, mulatos, portugueses, italianos e japoneses manifestam sua opinião e descrevem experiências pessoais, envolvendo o relacionamento, o racismo, a miscigenação e o intercâmbio cultural
Natal da Portela (1988), 80' min dir: Paulo César Saraceni
SInopse: Biografia do homem que, mesmo sem saber cantar, dançar ou tocar um instrumento, transformou-se numa das maiores expressões do samba brasileiro, dedicando-se de corpo e alma à sua escola do coração, a Portela.
3º dia [ sábado, 21 de novembro ]
16h |Programa 5
convidado: Raquel Gerber
Ori - Cabeça, Consciência Negra, 91 min, dir: Raquel Gerber
Sinopse: Ôrí significa "cabeça", "consciência negra", em língua yorubá. A música, a dança, o gesto, o ritual, na expressão da cultura mais antiga da Humanidade. Ôrí documenta os movimentos negros brasileiros entre 1977 e 1988, passando pela relação entre Brasil e África, tendo o quilombo como idéia central de um contínuo histórico, e apresentando como fio condutor a história pessoal de Beatriz Nascimento, historiadora e militante negra, falecida prematuramente no Rio de Janeiro em 1995. O filme mostra também a comunidade negra em sua relação com o tempo, o espaço e a ancestralidade, através da concepção do projeto de Beatriz, do "quilombo" como correção da nacionalidade brasileira.
19h |Programa 6
convidado: Rogério de Moura
A Revolta do Videotape (2001), 10 min, dir: Rogério de Moura
Sinopse: As confusões durante um programa televisivo de futebol e debate.
Velhos, Viúvos e Malvados (2004), 14 min, dir: Rogério de Moura
Sinopse: Três músicos aposentados têm as vidas mudadas com a chegada de uma mulher.
Assalto ao Trem Pagador (1962), 98 min, dir: Roberto Farias
Sinopse: Grilo é um inteligente criminoso da cidade que diz trabalhar para um chefão que chama de "Engenheiro" e, com isso, convence Tião Medonho e outros bandidos da favela a praticarem um roubo a um trem (comboio) de pagamentos. Os bandidos combinam de não gastarem o dinheiro roubado antes de 1 ano, pois isso levantaria suspeitas, mas Grilo acha que ele pode, pois não é favelado e tem boa aparência, o que desperta a ira dos demais. Grilo então diz que o "Engenheiro" preparou um novo golpe, mas sua intenção é se livrar de Tião Medonho e dos outros, fazendo com que eles caiam numa armadilha.
4º dia [ domingo, 22 de novembro ]
17h |Programa 7
A Negação do Brasil, (2000), 91 min, dir: Joel Zito Araújo
Sinopse: O documentário enfoca os tabus e estereótipos raciais. Uma história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela, o produto de maior audiência no horário nobre da TV brasileira.
O Moleque (2004), 13 min., direção: Ari Cândido Fernandes.
Sinopse: Tião é pobre e negro, mas tem orgulho de sua mãe, a melhor lavadeira da região. Ele sai para pescar com Pedrinho, seu único amigo. Todos os outros moleques adoram lhe dar apelidos, por causa da cor de sua pele, o que provoca a sua ira e a preparação de sua vingança.
20h |Programa 8
O Dia em que Dorival encarou a Guarda (1986), 14 min, dir: Jorge Furtado
Sinopse: Todo homem tem seu limite, e Dorival resolve enfrentar a tudo e a todos para conseguir o que quer. A história da luta desigual de um homem contra um sistema sem lógica e sem humanidade.
Sabotage, um bom lugar, 08 min, dir: Beto Brant e Willem Dias
Sinopse: Videoclipe da música "Um Bom Lugar" de autoria do rapper Sabotage
Preto e Branco (2004), 73 min, dir: Carlos Nader
Sinopse: Documentário de um dos mais importantes videoartistas do Brasil, em que episódicas relações raciais entre cidadãos comuns da cidade de São Paulo levantam questões pouco discutidas sobre o modelo racial brasileiro.
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