Um Zé Celso inédito e outro íntimo do público
tomam o térreo do
O multiartista protagoniza a segunda "ocupação" da série que o Itaú Cultural programa
para todo o ano com mostras de personalidades de referência para as atuais gerações
nas artes visuais, cênicas e da literatura; a primeira exposição trouxe obras do artista
plástico Nelson Leirner, esta apresenta, pela primeira vez, imagens e fases
desconhecidas de Zé junto à sua história mais completa
A mais pura gênese do advogado, artista, diretor de teatro e de cinema, ator, músico e compositor José Celso Martinez Corrêa pode ser conhecida de 30 de julho a 6 de setembro no Itaú Cultural com coquetel para convidados no dia 29, quando o próprio homenageado, em uma atuação rara e intimista, tocará piano para os presentes. A Ocupação Zé Celso traz fotos e documentos inéditos acompanhando o artista da sua infância aos dias de hoje.
Em
Organizada pelo Núcleo de Artes Cênicas do instituto, a curadoria da Ocupação Zé Celso é do ator, diretor e produtor de teatro Marcelo Drummond há mais de 20 anos no Teatro Oficina e da videomaker Elaine Cesar. Responsável pela criação de Ethernidade, um HD sobre os 50 anos do Teatro Oficina, nesta mostra ela também assina o projeto expográfico.
"Quando começamos a falar sobre a exposição, pensamos nos penetráveis de Hélio Oiticica", conta Drummond para explicar: "Não é a mesma coisa, mas o que nos chamava a atenção era produzir ambientes sobre cada episódio da vida de Zé Celso e a vontade de que cada espectador possa experimentar como se fosse um parangolé, e penetrá-lo."
O multiartista nasceu em Araraquara em março de 1937, e foi rebatizado Zé Celso na capital, nos anos 60. De lá para cá, protagonizou e produziu uma farta obra, que se confunde com a sua história de vida, até hoje pouco conhecida. O material de pesquisa foi pinçado por Drummond e Elaine e uma equipe do Teatro Oficina entre os diferentes espaços por onde se espalha o legado pessoal e teatral de Zé Celso álbuns da família Martinez Correa e dele mesmo, arquivos na Unicamp e do Instituto Moreira Salles, gavetas no Oficina, testemunhos do próprio registrados nas centenas de entrevistas de todos os gêneros que já deu , resultando em uma compilação de informações como ninguém reuniu até hoje.
Todo este material pesquisado vai subsidiar, ainda, documentário sobre a vida do artista. Dirigido por Tadeu Jungle e Elaine Cesar, com realização do Itaú Cultural, será lançado em dezembro.
A ocupação
O formato da Ocupação Zé Celso é labiríntico e irrequieto, condizente com o espírito do homenageado. Sem obedecer necessariamente a uma ordem cronológica, e também não sendo obrigado a seguir um percurso linear, aos poucos o visitante acompanha os principais momentos de transformação do artista. Uma gigantesca foto dele inaugura a exposição, ao mesmo tempo em que as portas de entrada no Itaú Cultural se abrem. Em seguida, vem o primeiro e surpreendente set que revela o lado "careta" de Zé, com mais de 160 porta-retratos com imagens da infância, família, escola e até namoradas do araraquarense, incluindo textos inéditos escritos de próprio punho.
Um corredor remete ao primeiro contato do dramaturgo com o teatro, quando escreveu Vento Forte para Papagaio Subir. Já o terceiro set, uma espécie de lounge cool, representa o momento Bossa Nova e pequeno burguês de Zé Celso e os seus primeiros contatos com os textos de Jean Paul Sartre. Este espaço apresenta, ainda, o inquieto e irreverente grupo do Teatro Oficina, surgido da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e liderado por ele; a encenação de Pequenos Burgueses, e o posterior incêndio do teatro.
Multimídia, colorido, caótico e altamente sonoro é o set que representa um dos momentos mais marcantes não só da vida de Zé Celso como de toda a dramaturgia brasileira: a encenação de O Rei da Vela no Oficina. Este espaço recebe a foto ampliada de Oswald de Andrade, autor da peça, e entre as mil imagens encontram-se trechos de outras peças seminais de Zé Celso que o afastaram de vez da Tropicália: Roda Viva, Selva da Cidade, Graça Senhor, As Três Irmãs, Galileu, Galilei.
Do frenesi se passa à escuridão na vida do dramaturgo, estilizada por um sombrio corredor em uma remissão à sua prisão e às torturas a que foi submetido pela ditadura militar. Outro espaço com projeções de filmes e referências ao período trata de seu exílio em Portugal, França, Moçambique; outro de seus momentos revolucionários que apresenta, ainda, a pouco conhecida faceta cineasta de Zé Celso.
Mais um set, este com 20 televisores, mostra a chamada época do ócio do direto, nos anos 80, quando ele produziu muito, mas exibiu pouco do que criou. Os monitores revelam um farto percurso criativo registrado pelo artista. "Nada de ócio", pontua Elaine registrando a existência de muitas horas gravadas, a maioria em VHS's. "Desde reuniões subterrâneas do grupo buscando formas de arrecadar verbas; leituras de texto e ensaios até gravações do cotidiano feitas pelo Marcelo", completa ela e observa: "A aquisição da câmera pelo Oficina, plantou nesse momento a semente da realização do sonho do Zé de criar o tão famoso Terreiro Eletrônico"
Não poderia faltar, ainda, um recanto especial para representar Os Sertões, uma das fases mais fortes da produção atual do artista. O "quarto proibido", não recomendado para menores de 18 anos, e com entrada para poucas pessoas de cada vez, traz as imagens que são marca registrada de sua obra as cenas de corpos nus.
Por fim, um espaço repleto de "momentos Zé Celso": o Estúdio Paraíso, com paredes forradas de anotações dele, fotos do seu cotidiano, folhas reproduzidas das centenas de seus cadernos. O corredor com uma homenagem ao seu irmão Luiz Antônio Martinez Corrêa, morto em seu apartamento no Rio de Janeiro, na véspera do Natal de 1987, com 80 facadas. E no centro o Cubo. Uma experiência em vídeo e som de 5 minutos, com projeções nas quatro paredes.
No Centro de Documentação e Referência do Itaú Cultural, o público interessado poderá assistir, ainda, a grande parte da produção do encenador, além de programas de entrevistas, como o Roda Viva da TV Cultura.
SERVIÇO
Ocupação Zé Celso
29 de julho, coquetel de abertura
De 30 de julho a 6 de setembro
De terça a sexta, das 10h às 21h
Sábs., doms. e feriados, das 10h às 19h
Entrada franca
Classificação etária: livre, com exceção da sala Paucucama, com entrada para maiores de 18.
Estacionamento com manobrista: R$
Estacionamento gratuito para bicicletas
Acesso para deficientes físicos
Ar condicionado
FICHA TÉCNICA
Curadoria: Marcelo Drummond e Elaine Cesar
Projeto expográfico: Elaine Cesar
Cenografia e arte: Rafael Ghirardello
Vídeo: Jair Molina Jr
Musica: Guilherme Calzavara e Otávio Ortega
Iluminação: Arnaldo Mesquita
Produção de imagem e pesquisa: Valério Peguini, Cassandra Melo e Solange Santos
Apóio gráfico: Rafael Gonçalves
Itaú Cultural
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